Corrupção essa prostituta de novela mexicana



Empunho esta pena que molho nesta tinta preta que escorre sobre o vermelho verniz das unhas. Este vermelho que transformado em sangue invade a emoção desta caneta. Maldição este sangue que suja as minhas mãos de traição.
Este sonho por muitos acalentado e esperado desde os tempos da Sagrada Esperança: “havemos de voltar”. Quem és tu para te interpor entre o sonho de 20 milhões e o teu desejo de corrupto? Quem és tu para desejar mais que todos nós que sonhamos esta nação para todos? Quem és tu vil destruidor de sonhos?! Maldito corrupto que usas o nome de Deus em vão dizendo-te ao serviço do Deus do Amor! Pudera a ira de Deus se abater sobre ti para que conheças o peso da chibatada da humilhação e da dor que causas. Mas este Deus que nos ama também te ama e diz que eu te devo amar! Não julgar! Amar! E aqui estou escrevendo esta carta de renúncia à corrupção e não ao corrupto por mim já perdoado! E aqui estou neste voo tangencial entre o servir e ser servil. E neste momento servem-me as vestes da tua corrupção manifestado neste silêncio culpado. Consinto que todos os dias destruas o sonho desta nação para encheres o teu colchão de notas verdes. O peso da tua acção mancha agora a minha mão. No silêncio das paredes apresentei-te vezes sem conta a minha indignação e frustração. Uma esperança na tua conversão ao ideal que dizes servir. Muitos de nós zelosos partilhamos ideias de projectos de escolas, creches, hospitais, esquadras e universidades… a cabeça abanaste sem emoção e logo te muniste de estratégias para bolso encher. Para ti e para teus servos construíste um reino de viagens a paraísos fiscais, empresas fictícias com projectos milionários e gabinetes duplos. A nós deste-nos a chefia da ilusão de um sonho onde nos enterraste com o peso da incompetência e da escravatura da pele. Não estou aqui para fazer caridade dizes todos os dias enquanto ofereces casas para as amantes, carros que ninguém quer e viagens sem critério. Pois olha eu também não estou aqui para servir o teu bolso e nem fa


zer justiça ao verbo encher! Maldita Corrupção! Piedade para o corrupto!
Não te denuncio corrupto por seres fruto de uma situação. Mas tenho de pelo menos fazer justiça às mortes que originamos para que o teu colchão neste momento tenha a espessura de uma rua asfaltada, o comprimento de uma auto-estrada, os tratamentos de um hospital e a educação das crianças que continuam brincando na poeira das ruas enquanto os jardins ficaram presos à tua ganância. Vale a pena ires visitar o fruto do teu labor e deixares esse colchão fofito onde as penas se transformaram em dólares!
Oh pena minha que agora molho neste prato de sangue. Se ao menos este sangue alimentasse a tua benevolência ou a tua consciência. Apenas alimenta-me a culpa e precipita-me à demissão. Quero fugir de ti corrupção. Maldita sejas.
Não fosse a batida melódica desta música que oiço continuar a ensinar o meu coração o compasso da respiração para a vida, talvez o suicídio fosse solução para não ter que te ver matar-nos com a corrupção.
Há dias vi animais embrutecidos torturarem duas mulheres que por cometerem um acto quase lícito sofreram os horrores da tortura e da humilhação. Vi também espancarem prisioneiros nas cadeias por ti criadas como se borracha fossem. Vi ainda jovens que não estudaram nas escolas que roubaste serem mortos por pessoas comuns transformadas em homicidas impunes. Vejo a sociedade que pessoas como tu nos impõem. Se ao menos realizasses a vontade de Sua Excelência não seriamos mundialmente conhecidos por animais embrutecidos! Somos todos nós angolanos ou porventura achas que a tua vil acção não está na raiz de todo o mal. E o meu silêncio? E o nosso silêncio?
Ameaças a quem tenta descortinar o véu da fachada televisiva que fazes. Apenas mortandade e assédio sexual e uso e abuso de poder. Saberá Sua Excelência o que fazes com tamanha verba destinada à população? Jogos e joguetes onde o maestro munido da intriga encena a Ópera com o seu duplo em versão ocidental.
A nação e a população pisoteias sob um marketing forte de solidariedade que apenas tem como fim último a neocolonização e a corrupção. Escravizas a juventude que solidária com o povo quer servir com o fruto do seu trabalho. Cortas-lhes o desejo, as vontades e os sonhos. Nesse colo que acarinha o branco que anseias ser. Escravizas o africano nesse espelho que te faz ocidental engravatado. Esqueceste o musseque de onde vieste agora que o motorista te leva nesses 10 carros que a Nação te deu? Acaso sabes o que leva aqueles jovens que acalentaram o sonho de reconstruir a nação mesmo sem experimentarem a sensação de receber um salário por um ano a persistir sob o teu (des)comando? Acaso sabes o peso para o país da destruição dos jovens a quem chamas bumbos e que agora deviam ser os obreiros destes projectos sociais? Pois espero que os dólares te comprem a salvação.
Agora para mim resta-me a resignação de apresentar à semelhança de outros patriotas e nacionalistas mas antes de tudo HUMANOS esta carta de demissão. Não sou mais o silêncio dos bons. Escolho antes ser a tua morte anunciada. Oh Vil corrupção!
Mas pensas acaso ser tu vencedora?! Engano teu porque desconheces o meu líder! Simples ilusão cara corrupção…
Um mero recuo não faz de ti vencedora e de mim desistente e nem deste povo tua audiência. Um simples recuo não travará o que está escrito nas estrelas! E lá teu nome não consta! Apenas os anjos lá cantam vitória. E a tua escuridão perante o brilho da luz não existe. Apagarei cada letra do teu nome deste projecto desenhado pelo Arquitecto do Universo. Em ti restará o grito dos infernos onde mães choram pelos filhos perdidos, pais lamentam a fome que grassa na família, meninas murmuram nomes de violadores, e o lamentável choro dos hospitais impera… tudo isso será o teu inferno mental. Sofrerás inergume corrupção. Sofrerás o distanciamento do teu coração.
Nesta mátria teu nome enfeitará cadeias. Vil ser do mal que me fazes todos os dias ajoelhar para pedir forças para continuar a enfrentar esta desilusão e este impasse. Oh vil corrupção. Anseio o dia que gravarei teu nome num túmulo deste passado encerrado.
Hoje a energia que peço sobre joelhos já esfolados recusa-se a vir. Esvaziaste o meu poço de emoção e todo o meu entusiasmo (Deus em mim). Por isso a bem da minha salvação e da minha saúde mental e espiritual apresento-te esta carta de demissão. Podes te regozijar desta suprema humilhação, mas deixa-me que te informe, que a ordem universal fará desta carta um manifesto de libertação a bem da nação.


Demito-me de continuar a servir a corrupção!

Comentários

Mensagens populares deste blogue

La mort de Patrice Lumumba et de la RDC

A Casa de Deus de Samuel Shem e o sistema médico em Angola

CONGO III: Patrice Lumumba e a morte do prémio Nobel da Paz Dag Hammarskjöld